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terça-feira, 25 de junho de 2013

- Oi...
- Oi.
- Está frio hoje.
- É.
- Todo dia está, mas hoje parece estar pior...
- Hum... Convite?
- Só se você for aceitar.
- Vai me acostelar?
- Vamos nos esquentar.
- Preciso acordar cedo. Preciso dormir a noite inteira.
- Faremos isso...
- Então me espera.
- Eu sempre te espero.
...
- Porque não nos tocamos?
- Não sei.
- Já percebeu que depois do primeiro toque, a gente cola?
- Cola?
- Não pára mais. Eu toco em você, você toca em mim... Abraços, beijos, carinhos, lambidas, até você penetrar meu corpo totalmente.
- Aí, você fica mole, pesada...
- Aí, eu fico vazia. Cheia da certeza de que por hoje acabou. Cheia da certeza de que em minutos vou fechar os olhos e quando eu abrir novamente, você terá que ir.
- Hum...
...
- Foi uma recaída. Está sendo.
- Uma recaída? Uma deliciosa recaída. Que possamos recair mais vezes.
- Não tem a ver com prazer. Só dor mesmo.
- Dor? Foi ruim?
- Não. Nunca é. E você sabe, eu até gosto da dor.
- O que então?
- É a dor de dentro. A dor que dói no nada.
- Hum...
- É tudo em vão. Eu sei que é. Cada orgasmo é nada mais que um desperdício de vida.
- Hum... Ter um orgasmo é um desperdício de vida?
- Realmente, ter um orgasmo é bom. Isso é diferente, é como construir uma casa que ninguém vai usar. Você passa meses fazendo uma fundação, levantando paredes, pintando e bordando. Depois de linda e incrivelmente pronta, tudo que vai acontecer é o tempo passar. A nossa função só tem um ponto crítico e ele é máximo e já foi atingido. Agora a casa vai gastar e desgastar até virar ruína, poeira e espaço mal ocupado.
- Hum... Está frio.
- Já me acostumei.

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