Um certo dia, a princesa olhava distraída a paisagem emoldurada por sua janela que era a mesma de sempre, exceto pelos pássaros novos que pousavam, e pelas folhas velhas que caíam. Exceto pelos figos novos que nasciam devagarzinho todos os dia. Exceto as flores azuis que nasciam para preencher o lugar das cinzas que sobraram das flores vermelhas já mortas. Quando de repente a criatura apareceu e pareceu observá-la. Assustada, ela se abaixou saindo do campo de visão daquele ser. Mas curiosa que era, logo levantou-se e voltou a observar.
A criatura soprou o céu em sua direção. E cá no alto da torre, ela sentiu um vento meio quente, meio quente que trouxe com ele uma voz. Olá - dizia a voz. De olhos arregalados, a princesinha pensou: "que voz doce e fina...". Parecia uma voz de criança. E era um pouco melosa. Ela imaginou até que se abrisse um pouco a boca, poderia sentir o gosto doce daquela voz.
-Olá, oláá! - Mas ninguém a respondeu...
Uma súbita tristeza até lhe coçou a barriga. Só de pensar em nunca mais ouvir outra voz.
-Ei, você aí! - disse ela, atirando uma bolinha de papel que se encontrava ao alcance de sua mão.
Ele de costas, virou-se e agarrou a bolinha num só movimento. Arrancou um espinho das roseiras e furou um dos bebês figo, e com a pontinha melada do espinho escreveu no papel: "você consegue me ouvir?". Enrolou o papel numa pedra e lançou-o de volta à janela da torre de nossa princesa. Surpresa pois o bicho sabia escrever e feliz por ter alguém, ela gritou toda empolgada: CONSIIIIGO!!!!!
Ele assustado, sorriu. Mas sorriu com o coração. A princesinha não só conseguia ouví-lo, mas também estava feliz por isso, o que era magnífico.
Sentindo-se livre, a princesinha abriu seus braços para sentir os novos ares da sua vida. E naquele momento, sem hesitar, a criatura tirou de sua costas um arco e algumas flexas e acertou a nossa princesa.
Momento rápido, ela olhou nos seus olhos com vigor e viu apenas indiferença. Inexpressão.
O vermelho do seu sangue quente escorreu manchando seu lindo vestido branco.
A princesinha morreu. Apodreceu. E sua carne foi comida por urubus que entraram pela janela aberta.
A criatura saiu. Foi embora. Não ganhou nada, mas também não perdeu.
Sentindo-se livre, a princesinha abriu seus braços para sentir os novos ares da sua vida. E naquele momento, sem hesitar, a criatura tirou de sua costas um arco e algumas flexas e acertou a nossa princesa.
Momento rápido, ela olhou nos seus olhos com vigor e viu apenas indiferença. Inexpressão.
O vermelho do seu sangue quente escorreu manchando seu lindo vestido branco.
A princesinha morreu. Apodreceu. E sua carne foi comida por urubus que entraram pela janela aberta.
A criatura saiu. Foi embora. Não ganhou nada, mas também não perdeu.
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