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domingo, 21 de abril de 2013

Seu ego e meu machado.

Dentro da imensidão de só uma bolha do universo, achamo-nos únicos. Sentimo-nos maior. Somo-nos nada mais que nada. Cada um dentro de uma microbolha. Eu, sempre dentro de uma bolha de metal transparente. Um metal impermeável, nada deixei passar, nunca. Minha bolha sempre cheia de mim. Minha bolha com suas fronteiras infinitas dentro do desconforto dos meus pensamentos. Minha bolha não euclidiana. Meus milhões de infinitesimais. Eu sempre deixei tudo explícito, mas escondido num lugar bobo. Quem quisesse encontrar, encontrava. Até que os pensamentos e sentimentos desordenados giravam tornando-se um furacão. Eu não conseguia olhar de fora. Ele estava me sugando. E depois de algumas poucas doses, eu cuspi tudo que me estava engasgado. Vomitei cada linda palavra. E, fruto de provocação, enviei à sua bolha. Impenetrável, impermeável. Blindada, lacrada e censurada. Ao menos pra mim.


PAULA CORAGEM

ASSIM FUI EU

A SUPER HEROINA

A priori, eu não quis ouvir. Não sabia o que viria. A posteriori, deixei a seu encargo decidir o que fazer, mas tentei não pressionar. Eu só queria sinceridade. Mas você insistiu em comentar. Um diálogo Machadiano. Duas pessoas que sabem jogar. As coisas ficavam vagas. Cheguei a achar que você queria que eu me pronunciasse, mas eu já tinha dado meu grande passo. Eu optei então pelo silêncio. Ele diz muito, sem dizer nada. Mas dessa vez, o silencio fez silencio e nada mais foi dito. Aterrorizada pelo barulho que o silencio do silencio fazia em minha cabeça, resolvi, mais uma vez, falar. E fui. Pareceu gostoso. Cedendo e se dando. Oferecendo-me muito com suas propostas impossíveis. Enchendo meus olhos como um pote de gelatina. Coisa bonita, aparencia gostosa, mas é tudo artificial. ARTIFICIAL SEM ARTE. Com artemanha. Qual a palavra? Ego! Essa é a palavra. Porq mostrar ao mundo o que eu escondia até de você? O sentimento era meu, e eu me escondia dele. O sentimento era seu, e eu o escondia de você. Cadê sua sensibilidade de perceber que eu não queria que ninguém soubesse? Sabe como me sinto? Ridícula. Motivo de Chacota. Se sou, não sei. Mas é isso que sinto. O valor do egoísmo me fez não valer nada. Foi bonitinho? Foi legal ter alguém que sofre por você? Por isso que você me dá água? Me cultiva... Pra ter sempre algo sobre o que se orgulhar. Acho que sou a única criatura que foi capaz de se apaixonar por alguém assim. Mas essa planta vai morrer e se eu for julgar por tudo que acontece, você nem vai notar. Eu espero que note. Eu espero que sinta. Espero que seja a primeira brisa suave a causar um pequeno arrepio nesse seu castelo de cartas. Não quero que caia, não mesmo. Acho que se eu quero te desejar algo de ruim, pois que você viva eternamente fechado. Eu disse que não gostaria nunca mais de ninguém e menos ainda contaria isso, mas a verdade é que eu vou continuar vivendo intensamente a alegria que meus sentimentos vão me proporcionar. Obrigado pelas belas palavras que me faz cuspir. Eu não sei se você falou sério quando disse que eram lindas. Mas eu acho elas lindas sim e não foram as melhores que eu já escrevi. Um beijo no seu coração de pedra.

sábado, 6 de abril de 2013

Le cirque

Senhoras e senhores,
abram alas pra crianças
em vocês que o espetáculo
já vai decolar!
 
Entra a bailarina
de varinha de condão
entra o palhaço
cheio de dor no coração
entra o malabarista
com bolinha, argola e fogo
e o contorcionista
que põe o corpo todo em jogo
 
entra a trapezista
que mulher desequilibrada!
sobe desce pula e volta
tanta insegurança calada
passa pertinho do chão
quase cai de cabeça
sobe bem rápido, de novo
antes que uma tragédia aconteça
 
"Menina, vai cair!"
lá está ela sorrindo
da indignação da plateia aplaudindo
"Essa é corajosa"
"Não tem medo de morrer"
 
ela pensa cá consigo:
NADA TENHO A PERDER
 
só me perder
me jogar
 
o risco de vida existe
mas pra que viver?
Eu quero é voar!